“Foi em um cômodo pequeno do meu apartamento que tudo começou. Era um quarto de 1,5 x 2 metros, tinha apenas uma bancada e um osciloscópio. Ali eu fiz os primeiros testes das placas eletrônicas e do equipamento, que seria a primeira solução da Pumatronix, lendo as placas dos veículos que passavam pela avenida Silva Jardim, em Curitiba”, lembra Ricardo Andriani, presidente do Conselho da Pumatronix. Assim iniciava, em 2007, a empresa que, hoje, é considerada uma das principais fabricantes nacionais de equipamentos eletrônicos para captura e processamento de imagem e também sistemas para gestão de informações veiculares: a Pumatronix.
Concebida na Incubadora Tecnológica do Tecpar (INTEC), numa época em que não se falava muito em startups, a companhia contou com o apoio de outros três sócios, Antonio Eduardo Matsuno Ramos, Leonardo Simoni e Sylvio Calixto, que junto com Ricardo Andriani investiram R$ 200 mil reais para a criação dos primeiros protótipos da ITSCAM 300. Eram quatro amigos da área de engenharia, que juntos trabalharam em uma mesma empresa e vislumbraram oportunidades no mercado de tecnologia e trânsito.
Formado em Engenharia Eletrônica, Andriani conta que, além do aporte dos sócios, na época pegou dinheiro emprestado da mãe para iniciar o desenvolvimento do equipamento. “Foram dois anos desenvolvendo a ITSCAM 300. O objetivo era fazer um equipamento de captura de imagens digitais de veículos em movimento, com sincronização com flash, boa resolução, que tivesse interface de rede e software embarcado, entre outras tecnologias. Em outras palavras, o propósito era criar um equipamento capaz de capturar imagens de placas veiculares com qualidade suficiente para fazer a gestão do tráfego a favor da mobilidade urbana”, relata.
Porém, a jornada do empreendedorismo traz seus desafios, e um capítulo à parte foi quando Andriani ficou doente, momento que exigiu resiliência e envolvimento ainda maior dos sócios. Ricardo contraiu tuberculose e teve complicações, o que o obrigou a ficar internado por alguns meses, bastante debilitado. Neste momento, todos começaram a ajudar no desenvolvimento da solução que, ao longo dos anos, passou por diversas evoluções.
Da versão inicial com imagens em preto e branco, a ITSCAM passou para um modelo colorido. Lentes com controle automatizado de íris foram inseridas, depois surgiu a tecnologia de processadores mais adequados para captura de imagens, até que a versão de 2010 com funcionalidades complementares passou a se chamar ITSCAM 400 – solução mais vendida para empresas de fiscalização de trânsito e concessionárias de rodovias, além das firmas de pagamento automático de pedágios e abastecimento. A partir daí, iluminadores infravermelhos passaram a ser vendidos juntamente com a solução, a fim de atender as necessidades do mercado. Outra grande vantagem era o suporte técnico nacional.
“Já tínhamos uma certa experiência e visão de mercado, foi aí que percebemos que era possível fazer a própria câmera. Andriani foi a peça-chave na criação do protótipo do equipamento de captura de imagens – a ITSCAM 300 que, ao longo dos anos, já passou por várias evoluções e foi desdobrada para novas versões, chegando em 2020 a ITSCAM 600, considerada uma revolução nos equipamentos de captura e processamento de imagens pelo poder de processamento e conectividade”, complementa o CEO da Pumatronix, Sylvio Calixto.
No modelo atual – ITSCAM 600 – um dos grandes diferenciais é que, além de ser integrado e compacto, pode ser usado com painel solar, devido ao baixo consumo, o que permite também a utilização por mais tempo durante as operações policiais. A 600 também possui algoritmos de visão computacional embarcados, além de conectividade IoT (Internet das Coisas).
Outro quesito positivo é a instalação facilitada nos pontos de fiscalização das cidades, a fim de realizar a detecção de veículos por meio da análise de imagem, o que dispensa a instalação de laços indutivos no asfalto, que causam paralisações no trânsito. O fato da ITSCAM 600 permitir o uso de painéis solares e 4G, também facilita a instalação em locais que não possuem infraestrutura de energia e dados.
Expansão somada à aposta em pesquisa e inovação
Após dois anos de desenvolvimento, testes e vendas iniciais da solução, mais uma vez os amigos visualizaram chance de expandir o negócio. Dessa vez, a oportunidade veio com a crise de 2009. “Na época, muitas empresas fecharam e aproveitamos para comprar equipamentos de montagem de placas eletrônicas. Foi neste momento que saímos da Incupadora do Tecpar e alugamos um pequeno galpão, localizado em frente à atual sede, onde anos depois a Pumatronix seria construída”, diz Andriani, que é investidor de startups, na modalidade seed - um nível acima do investidor-anjo.
Ao todo, são 14 anos voltados à pesquisa e desenvolvimento de soluções para Sistemas de Transporte Inteligente (ITS). Em 2020, a companhia investiu em torno de 10% do faturamento em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) nas áreas de Mecânica, Eletrônica, Óptica, Software, Inteligência Artificial, Machine Learning. Número que deve chegar próximo aos 15% em 2021, com os investimentos em maquinários, modernização das máquinas de fabricação e equipamentos de teste para a área de pesquisa.
A Pumatronix é fornecedora de soluções para concessionárias de rodovias, operadores de estacionamentos, integradores e fornecedores do poder público na área de segurança e mobilidade urbana. Atualmente, a indústria brasileira possui 100 colaboradores. Também fazem parte da sociedade: Jorge Tortato Junior, Ricardo Carnieri e Alexandre Krzyzanovski.