O uso de serviços de transporte individual, como táxis e aplicativos de carona, registrou um aumento de 137% na região metropolitana de São Paulo entre 2017 e 2023, conforme aponta a pesquisa Origem e Destino (OD) do Metrô de São Paulo. Nesse período, as viagens diárias nessa modalidade passaram de 468 mil para 1,1 milhão, superando os deslocamentos por trens da CPTM, que caíram 13%, atingindo 1 milhão de viagens em 2023.
Esse aumento é mais acentuado entre famílias com renda de até R$ 5.280 (quatro salários mínimos em 2023), já para aquelas com renda de até dois salários mínimos (R$ 2.640), o aumento foi de 166%, passando de 53 mil para 141 mil viagens diárias. Aquelas com renda entre dois e quatro salários mínimos registraram um incremento de 164%, alcançando 375 mil viagens diárias, se tornando o grupo que mais utiliza esses serviços, superando faixas de renda mais altas.
Paralelamente, um levantamento da fintech social focada em apoiar motoristas de aplicativo GigU revelou que trabalhadores de aplicativos em São Paulo têm um faturamento mensal médio de R$ 8.571,43, resultando em um lucro líquido de R$ 4.319,19 após deduzir gastos com combustível e manutenção. Esses profissionais dedicam cerca de 60 horas semanais à atividade. No Rio de Janeiro, o faturamento médio é de R$ 7.200 mensais, com lucro líquido de R$ 3.304,93 e uma carga de trabalho de 54 horas semanais.
"O que vemos é que muitos trabalham em jornadas extensas para aumentar seus ganhos, mas acabam impactados pelo desgaste físico e emocional, além dos altos custos de operação", diz Luiz Gustavo Neves, co-fundador e CEO da plataforma, sobre os desafios enfrentados pelos motoristas:
O aumento do transporte individual contraria investimentos públicos e recomendações de especialistas em mobilidade, devido aos impactos negativos na qualidade do ar e no trânsito. A pesquisa OD identificou que o tempo médio de deslocamento por transporte individual aumentou de 26 para 28 minutos. Regiões como o norte da Grande São Paulo, incluindo Cajamar, Caieiras e Franco da Rocha, registraram um aumento de 700% no uso de táxis e aplicativos, enquanto o uso de transporte coletivo caiu 7,6%.
Os números deixam clara uma mudança nos padrões de mobilidade urbana, com uma crescente preferência pelo transporte individual, especialmente via aplicativos, mesmo entre as faixas de renda mais baixas.
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