A motocicleta leva os brasileiros para vários caminhos, garantindo agilidade e mobilidade. Não é por acaso que o número de habilitações cresce ano a ano. De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), analisados pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – Abraciclo, o número de pessoas habilitadas para este tipo de veículo cresceu 17,5% nos últimos cinco anos, totalizando 33.893.329 cidadãos com habilitação A, em 2020. Em 2016, havia 28.854.518 motociclistas no País.
Esses novos motociclistas têm em comum um objetivo: ter um meio de locomoção mais rápido e econômico. Segundo informações das fabricantes de motocicletas associadas à Abraciclo, o principal motivo para a compra de uma motocicleta em 2020 foi a locomoção (91%). Em segundo lugar, vem o lazer (66%), seguido pelo trabalho (15%). Devido a pandemia, muitas pessoas passaram a utilizar a motocicleta para evitar o transporte público e suas aglomerações.
É o caso do advogado Leonardo Ludke que sempre sonhou em ter uma motocicleta e acelerou o plano para evitar as horas que passava no transporte público: comprou uma em janeiro deste ano. Morador de Caxias do Sul (RS), antes pegava de dois a três ônibus para ir ao trabalho. “Neste trajeto, gastava cerca de uma hora. Hoje levo 10 minutos para chegar ao trabalho”, comemora. “Ganhei autonomia, agilidade no deslocamento e ainda economizo o dinheiro que gastava com o transporte público”, conta.
Assim como Leonardo, o servidor público Bruno de Souza Simões ativou o plano de ter uma motocicleta durante a pandemia. “Meu primeiro passo foi comprar um capacete”, diz, rindo. “É que eu ainda não era habilitado”, esclarece. Por isso, quando fechou negócio com a concessionária, pediu que a entrega fosse feita na sua casa. Com a carteira na mão, agora percorre os 15 quilômetros que separam sua casa do escritório, na capital federal do Brasil. “Mais do que praticidade e agilidade, a motocicleta proporciona prazer. É um dos melhores momentos do dia”, afirma.
A história do analista de sistemas Fernando Ferreira é bastante semelhante com a de Bruno: tirou a habilitação e comprou a motocicleta durante a pandemia. “Quanto voltei a trabalhar presencial, confesso que fiquei incomodado ao me ver rodeado de pessoas - algumas sem usar máscara. Até cheguei a discutir com uma delas. Decidi que a motocicleta seria a melhor solução para evitar esse estresse”, conta. Residente no Rio de Janeiro, Fernando diz que hoje não saberia mais viver sem motocicleta, pela praticidade, agilidade e liberdade.
Já para a paulistana Bruna Portela, o modal é instrumento de trabalho. Antes da pandemia, trabalhava como auxiliar de escritório até que foi demitida. Com o dinheiro da rescisão, investiu na compra de uma motocicleta e passou a trabalhar num dos aplicativos de entrega. “Hoje é minha única fonte de renda”, explica.
Perfil do motociclista
Entre os habilitados para pilotar motocicletas no Brasil, os homens são maioria com 69%, segundo dados da Abraciclo. No entanto, o número de mulheres ao guidão, como Bruna Portela, vem crescendo ao longo dos anos: em 2011, elas representavam 25% das habilitações e hoje correspondem a 31%.
A maior faixa etária, tanto para os homens como para as mulheres, está entre 31 e 40 anos. Eles são 30,9%; enquanto elas, 38%. Quanto ao nível de escolaridade, 64% dos motociclistas possuem o ensino médio completo, 21% concluíram o curso superior e 12% têm o fundamental completo.
A região Sudeste concentra o maior volume de motociclistas, com 42,2% dos habilitados. Na sequência estão o Sul (20,3%), Nordeste (18,7%), Centro Oeste (11,1%) e Norte (7,8%). Já na análise das categorias de motociclistas, as motonetas é a categoria preferida pelas mulheres (67%). O uso das scooters é maior entre os homens (72%).