Com a popularização de vídeos que estimulam o faça você mesmo - ou na sigla em inglês DIY (do it yourself) -, o acesso à informação sobre manutenção automotiva se tornou muito mais fácil. No entanto, a democratização do conteúdo técnico trouxe um risco crescente relacionado à disseminação de dicas incorretas ou mitos que podem levar motoristas a danificar peças sensíveis do veículo ou pior, expor sua segurança.
Um exemplo concreto é o de sensores do sistema de injeção eletrônica, peças sensíveis e frequentemente mencionadas em conteúdos com orientações equivocadas. Para ajudar o consumidor a evitar fraudes, desperdício financeiro e danos ao veículo, a NTK, marca da Niterra, multinacional japonesa também responsável pela NGK e referência em componentes para sistemas de ignição, elenca os principais cuidados:
1- Desconfie de “limpezas milagrosas” com produtos caseiros. Sensores como o de oxigênio (sonda lambda) possuem cerâmica porosa e não devem ser limpos com álcool, solventes em spray, desengraxantes, equipamentos de limpeza dos bicos injetores ou similares. A tentativa de limpeza pode inutilizar a peça ou dificultar sua futura remoção, caso remova a graxa da rosca, que evita o travamento do sensor em seu local de trabalho.
2- A limpeza de sensores só deve ser feita com produtos e técnicas específicas. A desmontagem de componentes para limpeza pode aumentar o custo da mão de obra. Caso a limpeza não resolva, será necessário repetir o processo para substituição — o que duplica o tempo e o custo, muitos sensores possuem travas nos conectores, que se manipuladas de forma incorreta podem ser danificadas.
3- Sensores MAP podem perder precisão por contaminação interna e ressecamento da sua membrana interna. O sensor MAP é uma peça essencial para o cálculo da massa de ar (“quantidade de ar”) que entra no motor para que a ECU calcule a massa de combustível que deverá ser injetado. Ao realizar a limpeza no estilo DIY partículas de óleo podem sujar a parte interna ou danificar a membrana interna do sensor MAP, que é sensível, levando à erros na informação do sensor, aumento de consumo de combustível e emissões de poluentes.
4- Interruptores de pressão de óleo também são sensíveis. Tentar limpá-los pode danificar a membrana interna, A falta de troca de óleo (manutenção preventiva do motor), pode levar à contaminação por borra. O uso de óleo lubrificante fora do especificado, pode acelerar o processo de desgastes internos gerando contaminações por resíduos metálicos, afetando o seu correto funcionamento.
5- A lavagem do motor deve ser feita com extremo cuidado, pois jatos de água em módulos, conectores e centrais elétricas podem causar curtos, oxidação e falhas graves. Apenas profissionais qualificados devem realizar esse tipo de serviço, com produtos apropriados.
6- Evite a compra de sensores usados. Peças reutilizadas podem ter origem duvidosa e desgaste invisível. Sensores antigos frequentemente estão desatualizados, comprometendo a eficiência do sistema de injeção.
Diagnóstico não é “faça você mesmo”
Outro ponto crítico é a prática, cada vez mais comum, de consumidores chegarem às oficinas com diagnósticos prontos baseados em vídeos da internet. O que pode parecer economia de tempo e dinheiro, mas muitas vezes leva ao desperdício desses recursos.
“O mecânico é um profissional capacitado que investe em cursos, equipamentos e anos de experiência. Quando interferimos no seu diagnóstico com base em informações sem fundamentação técnica e aplicação de técnicas de diagnósticos, corremos o risco de autorizar serviços ou compras de peças que não resolvem a causa raiz do problema, gerando novos custos e aumentando o tempo de reparo”, alerta Hiromori Mori, consultor de Assistência Técnica da Niterra.
A busca por economia na manutenção automotiva é legítima, mas confiar em informações erradas pode transformar uma falha simples em um problema complexo. O segredo é valorizar o trabalho técnico especializado, respeitar o diagnóstico do mecânico de confiança e desconfiar de soluções fáceis e baratas encontradas nas redes sociais.