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O efeito devastador do cansaço e estresse na segurança ao volante
Mobilidade
Publicado em 24/07/2024

Por Carlos Luiz Souza*

Imagine estar ao volante, dirigindo em uma estrada movimentada, quando um piscar de olhos mais longo do que o normal faz seu carro sair da estrada ou invadir a pista ao lado. Isso provavelmente já aconteceu com você e pode acontecer com qualquer um que dirija com frequência. A vida moderna, repleta de pressões e demandas incessantes, compromete gradualmente a capacidade das pessoas de desempenharem suas atividades diárias, incluindo a condução de veículos.

A segurança no trânsito não está relacionada apenas às condições da via ou do veículo: está intrinsecamente ligada às condições físicas e emocionais do condutor. O cansaço extremo e o estresse contínuo estão entre os fatores mais prejudiciais à segurança no trânsito.  O cansaço excessivo é mais do que uma simples sensação de fadiga, trata-se de um estado de exaustão que reduz significativamente a disposição para atividades cotidianas, podendo levar a sintomas emocionais e comportamentais graves. Já o estresse, uma resposta natural do organismo às demandas do ambiente, torna-se prejudicial quando ultrapassa certos limites, afetando negativamente o humor, a disposição, as interações sociais e a qualidade de vida.

Ambos têm impactos devastadores na capacidade de dirigir. A atenção e a capacidade de focar em estímulos são comprometidas, fazendo com que um motorista cansado possa ignorar uma sinalização importante, resultando em acidentes. O estresse pode levar a reações emocionais desproporcionais, como comportamentos imprudentes e agressivos. Além disso, pode causar um bloqueio na ação, impedindo uma resposta rápida e adequada em situações de perigo que exigem uma direção defensiva. Esta demora na reação é uma das principais causas de sinistros nas rodovias federais brasileiras.

Dormir ao volante é outra causa frequente de acidentes. No ano passado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 3.346 acidentes provocados por condutores que dormiram. Segundo o Ministério da Saúde, a falta de sono pode causar prejuízos significativos à memória, atenção e aprendizado. Estudos científicos indicam ainda que ela está associada a doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, obesidade e desequilíbrios hormonais, além de enfraquecimento do sistema imunológico. Para motoristas profissionais, que muitas vezes enfrentam longas jornadas de trabalho, a privação de sono pode ser particularmente perigosa por causa das consequências devastadoras para a segurança no trânsito. 

Motoristas cansados não estão em plena capacidade de perceber estímulos e tomar decisões rápidas, o que é crucial para a segurança no trânsito. 

Para minimizar os efeitos do cansaço e do estresse ao volante, os motoristas podem adotar práticas como fazer pausas regulares, controlar a respiração para equilibrar as funções fisiológicas e ouvir música relaxante. Contudo, essas medidas são insuficientes se não houver uma mudança significativa nos hábitos de vida, garantindo o descanso necessário e a gestão eficaz do estresse cotidiano.

A segurança no trânsito depende de muitos fatores e a condição física e emocional do motorista é fundamental. Cada condutor deve estar ciente da importância de estar bem descansado e emocionalmente equilibrado antes de dirigir. A adoção de hábitos saudáveis e a busca por um equilíbrio entre as demandas diárias e o descanso são essenciais para garantir uma direção segura, que preserve vidas. Alimentação adequada, rotina de exercícios físicos, boas noites de sono e acompanhamento da saúde física e mental são indispensáveis para garantir que nosso corpo e mente funcionem adequadamente.

Por outro lado, é urgente a adoção de políticas públicas que promovam a conscientização sobre esses aspectos e incentivem práticas que favoreçam o bem-estar dos motoristas. É  fundamental que os Programas de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSOs) das empresas, que têm fiscalização do Ministério do Trabalho, contemplem ações preventivas em relação ao descanso e à organização do trabalho, com controle para não extrapolar a jornada de trabalho. A segurança no trânsito é uma responsabilidade compartilhada, e cada um de nós pode contribuir para um trânsito mais seguro, começando por cuidar de si mesmo. Afinal, a vida é o bem mais precioso que temos, e preservá-la deve ser nossa prioridade máxima.

*Carlos Luiz Souza é psicólogo especializado em Psicologia do Trânsito e vice-presidente da Associação de Clínicas de Trânsito do Estado de Minas Gerais (ACTRANS-MG)

Imagem: Divulgação Actrans

 

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