Por Marcelo Martini*
As motocicletas têm conquistado o coração de muitos brasileiros. Inclusive, de acordo com dados da Secretaria Nacional de Trânsito – Senatran, no período de 2013 a 2022, a categoria A de habilitação cresceu significativamente. Para se ter uma ideia, somente no último ano, foram emitidas 2,03 milhões de carteiras deste tipo, volume 20,9% maior que dez anos atrás, quando este número era de 1,68 milhão. Isto porque, com o trânsito intenso nas cidades e o aumento nos preços de combustível, a moto tem se tornado sinônimo de agilidade e custo benefício aos consumidores.
A partir deste cenário, cresce a necessidade de haver precauções específicas para este transporte. Em primeiro lugar, a prioridade deve estar centralizada na segurança do condutor, do passageiro e de todos em seu entorno, como pedestres e outros motoristas. Este cuidado se inicia pelo uso dos equipamentos de segurança, como capacete, luvas e botas adequadas, passando pela pilotagem consciente e de acordo com as regulamentações de trânsito e pela manutenção regular, com a calibração dos pneus, ajustes na corrente e a escolha correta dos lubrificantes para motos.
Mitos na manutenção de motocicletas
No momento de realizar a manutenção preventiva do veículo, o motociclista deve atentar-se a algumas informações inverídicas que circulam nesse universo e que podem comprometer o funcionamento das motos. Entre elas está a realização da troca de óleo com o motor ainda aquecido. Isto pode espalhar o lubrificante pelos itens do motor e retardar a sua descida para o cárter, fazendo com que este processo não seja eficaz.
O período da troca do óleo também é um tema que costuma gerar confusões, pois, para muitas pessoas, a substituição deve ocorrer a cada 1.000 km rodados. Entretanto, com as atualizações e avanços tecnológicos empregados nos motores e lubrificantes ao longo do tempo, algumas soluções contam com bases e aditivos projetadas para gerar maior durabilidade, rendimento e economia de combustível, bem como proteção contra desgaste para usos mais rigorosos.
Além disso, a frequência ideal de troca pode variar de acordo com o modelo, ano de fabricação, tipo de óleo utilizado e condições de uso da moto. Por isso, é recomendável sempre seguir à risca o indicado no manual do proprietário e verificar o nível do óleo pelo menos, uma vez por semana. Caso seja identificado vazamento ou nível baixo, deve-se procurar um profissional para avaliar, realizar a troca do óleo ou corrigir possíveis problemas.
Misturas milagrosas também tendem a chamar a atenção, como a união da gasolina com os lubrificantes em motores 2 tempos. Este tipo de ação pode ocasionar a perda de propriedades do lubrificante e a má conservação das peças. Outro erro clássico é o uso da graxa na corrente, com a intenção de preservar a lubrificação. Isto pode provocar o acúmulo de mais sujeiras do que o normal, gerando travamentos e possíveis acidentes.
Diferenças nos lubrificantes para motos e carros
Quando o assunto é manutenção, os condutores também devem estar atentos às especificidades dos produtos destinados para carros e motos. A viscosidade, por exemplo, atua diretamente na proteção e lubrificação de partes móveis do motor. No caso das motocicletas, por conta das rotações mais altas, geralmente os lubrificantes apresentam viscosidades mais baixas do que para carros.
Além disto, os lubrificantes para motos contam com aditivos especiais para manter a performance de partes específicas, como a embreagem, ajudando a evitar a patinação da mesma. Além disso, estes óleos são formulados para resistir a altas temperaturas e manter as propriedades de lubrificação mesmo em condições extremas. Na parte de fricção, são projetados para reduzir o desgaste em condições de alta velocidade e rotação, especialmente nas motos, onde há maior agilidade e aceleração.
De todo modo, ao escolher o produto ideal, é importante seguir as recomendações do fabricante e contar com a ajuda de um especialista da área para a manutenção do meio de transporte, seja um veículo ou moto, a fim de garantir o melhor desempenho e a vida útil do motor.
A utilização do lubrificante indevido pode ocasionar problemas sérios para a motocicleta, como maior desgaste das peças, acúmulo de resíduos, falhas mecânicas, maior consumo de combustível e necessidade de manutenções corretivas de tempos em tempos, refletindo diretamente no bolso do consumidor.
O sucesso das motos nas ruas e estradas brasileiras é notório. Sendo assim, para que essa engrenagem siga operando com efetividade, cabe aos motociclistas manterem a manutenção em dia com visitas regulares nas oficinas mecânicas e fugir de rumores que podem prejudicar a vida útil e a eficiência da motocicleta. Por outro lado, o setor de reposição deve equipar-se de soluções de qualidade, sustentáveis e tecnológicas para atender da melhor maneira os apaixonados por duas rodas.
*Gerente de Vendas do Aftermarket da FUCHS
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