A colisão frontal foi o tipo de sinistro de trânsito que mais provocou mortes nas rodovias federais brasileiras em 2021: 1585 pessoas perderam a vida neste tipo de colisão, que ocorre, principalmente, durante ultrapassagens em locais proibidos ou momentos inadequados. A segunda maior causa de mortes nas rodovias foi o atropelamento (897), seguido por saída de pista (668). Os dados, que constam no Anuário Estatístico da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de 2021, revelam o que os especialistas em Medicina e Psicologia do Tráfego vêm alertando desde o início da pandemia: o motorista brasileiro está mais violento. “Essa desatenção, imprudência e agressividade se traduzem em sinistros mais letais, uma vez que o excesso de velocidade potencializa a gravidade dos ferimentos. As colisões frontais ocorrem por uma mistura de imprudência, imperícia e desrespeito às normas de circulação. Essas ocorrências podem ser evitadas e, por isso, não podem ser chamadas de acidentes”, afirma o diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra.
O especialista em Medicina do Tráfego alerta para outros fatores que podem levar a colisões: a desatenção e o uso de celulares. “Segundo uma pesquisa realizada pela Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), o uso de celular na direção já é a terceira maior causa de mortes de trânsito no Brasil, perde apenas para o excesso de velocidade e álcool. Portanto, devemos entender que dirigir é um ato que requer toda a atenção do condutor e não pode ser dividido com outras tarefas”, comenta.
Coimbra diz que atitudes muito simples podem evitar tragédias e tornar o trânsito mais seguro, principalmente nas viagens em feriadões, quando o movimento nas rodovias é mais intenso.
“Cinto de segurança comprovadamente salva vidas, porém o desafio agora é estimular seu uso também no banco de trás; motociclistas precisam utilizar o capacete de forma correta e afixado pela cinta jugular; crianças menores de 10 anos só estão seguras em uso dos dispositivos de retenção, assim como os pets. Seguindo essas regras e estando descansado, mantendo o foco na rodovia, sem distrações, os riscos são reduzidos”, afirma.
A obediência às normas de trânsito e às sinalizações são imprescindíveis. “Mantenha a velocidade indicada nas placas não só nos pontos onde há radar. Só ultrapasse em local permitido e quando houver condições de visibilidade e tempo adequados”, reforça.
O diretor orienta que, antes de qualquer viagem, seja feita uma revisão do veículo, para se certificar de que todos os itens de segurança, como estepe, triângulo e as lâmpadas de sinalização estejam em funcionamento. “Problemas na via e no veículo também podem provocar sinistros, mas o fator humano é responsável por cerca de 90% dos casos, por isso o cuidado com a saúde dos motoristas é fundamental”, afirma.
O médico especialista em Tráfego orienta o condutor a fazer pausas regulares para um descanso rápido. “O cansaço altera os reflexos e tempo de reação, e pode provocar sono, por isso o descanso é fundamental”, diz.
Os 10 tipos mais letais de acidentes de trânsito em 2021
- Colisão Frontal: 1585
- Atropelamento: 897
- Saída de Pista: 668
- Colisão traseira: 576
- Colisão Transversal: 429
- Colisão com objeto: 301
- Tombamento: 272
- Colisão lateral mesmo sentido: 190
- Colisão lateral sentido oposto: 162
- Queda de ocupante de veículo: 87
Fonte: Anuário 2021 da PRF
Dicas para dirigir em segurança
- Utilize equipamentos de segurança, como cinto e capacete, em caso de motocicletas
- Cobre o uso do cinto por todos os ocupantes do veículo, inclusive os que ocupam o banco de trás
- Confira os níveis de água, óleo, calibre pneus
- Confira o funcionamento das luzes de freio, ré, faróis e lanternas
- Verifique os itens de segurança obrigatórios: triângulo, macaco e se o estepe está calibrado
- Durma bem e só pegue a estrada se estiver descansado
- Tenha reserva de água e comida para o caso de interdições de pista ou congestionamentos
A forma adequada de transportar crianças
- Bebê conforto: crianças de até um ano de idade e até 9kg, posicionado em sentido contrário ao painel do veículo.
- Assento conversível: crianças de até um ano de idade e até 13kg posicionado no sentido contrário ao painel do veículo.
- Cadeirinha: crianças de 1 a 4 anos de idade, que tenham entre 9 e 18 kg, posicionamos de frente para o painel do veículo.
- Assento de elevação: crianças de 4 a 10 anos de idade que não tenham atingido 1,45 m de altura, com peso entre 15 e 36 kg, sempre conectado ao cinto de três pontos.
- Banco dianteiro: crianças com mais de 10 anos de idade e/ou estatura superior a 1,45, sempre com cinto de segurança.
Transporte de animais
- Caixa de transporte: fixada pelo cinto de segurança do veículo no banco traseiro. Precisa ser ventilada e ter dimensões suficientes para que o animal consiga dar uma volta completa dentro da caixa.
- Cestinhos ou cadeirinhas: para animais de pequeno porte que não se adaptam em viajar nas caixas de transporte. São projetadas para serem utilizadas com os animais utilizando coleiras do tipo peitoral e devem ser fixadas no encosto de cabeça do banco traseiro e retidas com o cinto de segurança do veículo.
- Cinto de segurança: recomendado para cães de porte médio ou grande na posição central do banco traseiro, com os adaptadores presos às coleiras peitorais, e fixados no encaixe do cinto de segurança do veículo.
- Grades de contenção: indicada para animais de grande porte e têm a função de limitar a circulação do animal dentro do carro e impedir o cão de saltar pela janela.
- Capa protetora para banco traseiro: pode ser usada com o cinto de segurança, minimizando o risco do animal de sofrer ferimentos em desacelerações bruscas, por exemplo.
Foto: Divulgação Ecovias