O conjunto de compostos orgânicos voláteis designado pela sigla BTEX - benzeno, tolueno, etil-benzeno e xilenos -, derivados do petróleo, configura um grave problema ambiental e para a saúde humana, causando problemas ao sistema nervoso central, sendo considerado carcinogênico e mutagênico e podendo levar, inclusive, à morte. Assim, o monitoramento ambiental contínuo é essencial, mas, atualmente, depende de equipamentos caros e não portáteis, o que dificulta as análises em campo.
Um estudo desenvolvido por pesquisadores vinculados ao Departamento de Física (DF) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) levou a resultados com alto potencial de aplicação em sensores portáteis e baratos para monitoramento e detecção de BTEX em quantidades muito inferiores àquelas consideradas seguras (em partes por bilhão, quando os limites de segurança são estabelecidos em partes por milhão). Esses dispositivos poderiam ser utilizados nos vários ambientes em que a detecção de BTEX é relevante, como postos de combustível e outros locais de armazenamento dessas substâncias, locais com tráfego intenso de veículos e, até mesmo, em residências, já que tintas, solventes, ceras e pesticidas também são fontes de emissão desses gases.
O trabalho - intitulado "BTEX Gas Sensor Based on Hematite Microrhombuses" e publicado recentemente no periódico Sensors and Actuators B - apresenta o potencial da aplicação de cristais de hematita (óxido de ferro, material abundante e barato) na detecção de pequenas concentrações de BTEX. Dentre os autores estão Luís Fernando da Silva e Waldir Avansi Júnior, docentes do DF; Ariadne Cristina Catto, pesquisadora de pós-doutorado vinculada ao Departamento; e João Victor de Palma, estudante de graduação em Física na UFSCar. Outros quatro autores estão vinculados ao Institut Matériaux Microeléctronique Nanosciences da Provença (IM2NP), na França, parceiros no desenvolvimento do projeto.
O grupo brasileiro integra o Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF - http://cdmf.org.br), sediado na UFSCar. O CDMF é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A pesquisa contou com apoio financeiro da Fapesp e foi conduzida na UFSCar e na Université Aix-Marseille, na França.