A 37ª edição do Congresso de Iniciação Científica (CIC) da Unesp lançou "pequenas sementes de otimismo" sobre o desfecho da COP-30, a Conferência do Clima das Nações Unidas realizada em novembro em Belém, nas palavras da cientista Thelma Krug. Vice-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) por oito anos, de 2015 a 2023, e coordenadora científica da COP-30, Thelma participou do congresso unespiano poucos dias depois do término da COP no Pará e expressou uma visão otimista das intensas negociações multilaterais vivenciadas em território brasileiro.
"Coisas boas saíram (da COP-30). O fato de não ter saído o mapa do caminho para a eliminação dos combustíveis fósseis é uma questão de tempo, só tempo. Porque, à medida que os países em desenvolvimento vão tendo mais oportunidades para migrar para (energias) renováveis e para uma energia de mais baixo carbono, a demanda vai cair. A hora em que a demanda começar a cair, necessariamente, é uma consequência imediata a gente eliminar o uso de combustíveis fósseis", afirmou Thelma Krug no CIC Unesp.
No Congresso de Iniciação Científica da Unesp, realizado de 25 a 27 de novembro em Águas de Lindoia, interior paulista, a cientista falou por cerca de uma hora a uma plateia formada principalmente por estudantes de graduação que desenvolveram trabalhos destacados de iniciação científica durante o percurso universitário. O CIC Unesp reuniu 460 participantes, sendo 350 graduandos da Universidade ou de instituições de ensino convidadas, como a Unicamp, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), a Universidade Presbiteriana Mackenzie e as universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e de São Carlos (UFSCar).
As "sementes de otimismo" foram lançadas por Thelma Krug ao final de um detalhado painel em que a cientista forneceu dados que permitiram ao público um panorama geral sobre o aquecimento global, as mudanças climáticas e as medidas de mitigação e adaptação decorrentes deste processo. "Vai demorar (para eliminar os combustíveis fósseis)? Não sei. Os países desenvolvidos dependentes de combustíveis fósseis já estão fazendo uma adaptação entre eles mesmos: estão saindo da dependência de fóssil e indo para nuclear e para gás natural. Gás natural emite, mas menos. Então eles já estão também tentando migrar para algo menor em termos de (emissão de) carbono", afirmou.
Sob o tema “Ciência e liberdade de pensamento em uma época de extremos”, o Congresso de Iniciação Científica da Unesp, um dos mais tradicionais do gênero, avaliou trabalhos acadêmicos selecionados pelas Comissões Permanentes de Pesquisa dos 24 câmpus da Unesp, outros trabalhos realizados para fins específicos de divulgação científica e apresentações de estudantes destacados por instituições convidados para o evento.
Além da temática abordada por Thelma Krug, o congresso unespiano contou com palestras sobre saúde mental no ensino superior, inteligência artificial na pesquisa, desinformação, guerras culturais e comunicação científica, reunindo o psicólogo Lauro Miranda Demenech, professor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG); o engenheiro de computação e pesquisador Fernando Santos Osório, professor da USP; o doutor em semiótica Paolo Demuru, professor do Mackenzie e da PUC-SP; o filósofo Pablo Ortellado, professor da USP; e o biólogo Atila Iamarino, divulgador científico na internet. A palestra de abertura foi feita pelo sociólogo e escritor Jessé Souza, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora.
“Os estudantes pertencem a uma nova geração, com outro olhar para a pesquisa e para o que realmente importa para a população. Serão excelentes porta-vozes da (missão da) Universidade”, afirma o pró-reitor de pesquisa da Unesp, professor Edson Cocchieri Botelho.