O Governo do Paraná deu um passo histórico rumo à mobilidade urbana do futuro. No dia 4 de setembro, o governador Carlos Massa Ratinho Junior apresentou para a sociedade o Bonde Urbano Digital (BUD), tecnologia chinesa de transporte coletivo sem trilhos que será implantada entre as cidades de Pinhais e Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, nos próximos meses.
O Estado se torna o primeiro da América do Sul a adotar oficialmente o sistema, que une inovação, sofisticação, sustentabilidade, conforto e baixo custo, fruto de um investimento da Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep).
Ao contrário dos ônibus e BRTs elétricos ou dos VLTs, movidos com trilhos, o Bonde Urbano Digital dispensa estruturas físicas que demandam grandes investimentos. Ele opera com pneus de borracha diretamente sobre o asfalto, guiado por um sistema de “trilhos virtuais”, marcações digitais e sensores de alta precisão que determinam o caminho a ser seguido. A tecnologia começa a ser implantada no trecho nas próximas semanas.
Esse “trilho virtual” usa tecnologias como detecção ferroviária e controle coordenado de eixo, que garantem ao veículo seguir com exatidão uma rota pré-definida, mesmo em condições adversas como chuva, vibração e desgaste da pista. O sistema inclui ainda rastreamento automático, orientação autônoma e proteção eletrônica ativa, que reforçam a segurança do trajeto.
O veículo tem 30 metros de comprimento, três eixos, capacidade para 280 passageiros, ar-condicionado, operação bidirecional e pode atingir até 70 km/h. O sistema será implantado em um trecho de aproximadamente 13 quilômetros, entre os terminais de Pinhais e Piraquara, em uma região que atualmente movimenta cerca de 10 mil pessoas por dia dentro dos sistema de ônibus.
“Esse é um dia especial para a história do Paraná. Somos o primeiro da América do Sul a tirar do papel um projeto desse porte, com essa tecnologia e vanguarda. O Paraná buscou o que há de mais avançado no mundo em questão de transporte coletivo e vai implementar um sistema para melhorar a vida das pessoas. A Região Metropolitana de Curitiba cresce muito rápido em termos econômicos e populacionais e estamos nos preparando para o futuro”, afirmou o governador Ratinho Junior.
O veículo foi fabricado pela CRRC Corporation, na China, e chegou ao Brasil (Porto de Paranaguá) em agosto. Após a apresentação, ele será montado em uma garagem por técnicos da empresa. A expectativa é iniciar os testes e as viagens em novembro. O valor da passagem será R$ 5,50, o mesmo do ônibus metropolitano. O tempo de viagem também não muda.
O diretor-presidente da Amep, Gilson Santos, explicou que esse lançamento é fruto de uma negociação iniciada em 2024 após pesquisa de campo das melhores soluções para o transporte. Ele visitou a sede da empresa na China e conheceu a tecnologia. No mesmo ano a Amep participou do lançamento do BUD de Monterrey, no México. O contrato foi assinado em maio deste ano pelo Governo do Estado e a empresa.
"Estamos falando de uma tecnologia que tem custo de implantação três vezes menor do que a dos VLTs e prazo de implantação curto, com vida útil de 30 anos. E reafirmando nosso protagonismo no transporte e na sustentabilidade. Estamos confiantes com esse teste, que começa ainda neste ano, e vamos estudar a aceitação da população e as possibilidade de expansão. É um marco para a mobilidade urbana", disse Santos.
O secretário das Cidades, Guto Silva, ressaltou que o modelo representa um salto tecnológico. "O Paraná é reconhecido como um dos estados mais inovadores e sustentáveis do Brasil, e um dos pioneirismos é justamente na adoção de modelos de transporte eficientes. Estamos investindo muitos recursos nas cidades, melhorando a qualidade de vida e promovendo novidades que podem colaborar com o desenvolvimento econômico", arrematou.
Sustentável e econômico – O BUD é movido por baterias de íons de lítio de 600 kWh, que podem ser carregadas rapidamente nas estações por pantógrafos aéreos - bastam 30 segundos para garantir autonomia de 3 a 5 quilômetros. À noite, a recarga completa nas garagens permite até 40 km de operação contínua. A tecnologia também está preparada para, futuramente, operar com hidrogênio.
Com durabilidade estimada em 30 anos – o dobro de um ônibus biarticulado –, o novo modelo representa um salto em custo-benefício para o transporte público. O contrato com a empresa é de 15 meses, passível de prorrogação. A empresa vai apresentar à Amep relatórios de progresso e uso do BUD.
Como vai funcionar
Qual será o valor da passagem?
O mesmo do transporte tradicional, R$ 5,50, que continuará operando durante os testes.
Quantos passageiros ele transporte?
O Bonde Urbano Digital terá capacidade para até 280 passageiros.
Qual será o trajeto?
A rota percorrida pelo veículo sairá do Terminal de Pinhais, passando pela Avenida Ayrton Senna da Silva e a Rodovia Dep. João Leopoldo Jacomel até chegar ao Terminal São Roque, em Piraquara, de maneira direta, em uma extensão de cerca de 10 quilômetros.
Terá motorista?
Sim, todos os testes serão realizados com motoristas. No entanto, ele tem tecnologia para autonomia, o que será feito em parceria com órgãos de regulamentação de trânsito.
Como será feito o recarregamento?
O BUD será recarregado por pantógrafos aéreos (dispositivo instalado no teto de trens e bondes elétricos para coletar energia elétrica da rede aérea) ao longo da operação. Bastam 30 segundos para garantir autonomia de três a cinco quilômetros. Com carga completa, que leva 12 minutos, possui autonomia de até 40 quilômetros de operação contínua. Ele também será carregado na garagem de Piraquara.