Há dez anos, a Casa Fiat de Cultura deu início a um projeto contemporâneo, inovador, sustentável e que conta com a participação ativa do público: o Presépio Colaborativo. Em 2024, a instituição celebra a primeira década desta iniciativa, que já se tornou uma tradição nas comemorações de fim de ano de Belo Horizonte e é uma das atrações do Natal da Praça da Liberdade. Relembrando os 150 anos da imigração italiana no Brasil, a 10ª edição do Presépio Colaborativo da Casa Fiat de Cultura é inspirada nos presépios napolitanos – originários de Nápoles, no sul da Itália –, e traz características e identidade mineiras. O artista plástico Leo Piló é o responsável pela curadoria do Presépio, construído com materiais reciclados. A programação é gratuita e o presépio ficará aberto à visitação até 5 de janeiro de 2025.
Os tons de verde e vermelho, tão representativos do Natal, e presentes, também, na bandeira italiana, ganham destaque na instalação. A cenografia desenvolvida pelo curador Leo Piló cria uma cidade fictícia localizada na divisa entre Brasil e Itália. À sua volta, um grande cafezal, com cerca de 50 árvores, evoca a atmosfera do início da imigração italiana no Brasil. Os tapetes devocionais, tradição tão forte em Minas Gerais, também fazem parte da ambientação e “preparam o caminho” para a chegada do Menino Jesus.
“Neste ano, celebramos não só os 150 anos da chegada dos imigrantes italianos ao nosso país, mas toda a herança cultural trazida por eles, seja na agricultura, na arte, na música, na arquitetura, no comércio, no design”, explica Leo Piló.
No 10º Presépio Colaborativo, os tradicionais personagens se unem a pessoas da vida cotidiana, assim como nos presépios napolitanos. Os Três Reis Magos, inspirados em grandes personalidades italianas, se transformam no artista Leonardo da Vinci, no escritor e poeta Dante Alighieri e no astrônomo, físico e cientista Galileu Galilei. Maria, mãe de Jesus, é representada por Rita Pavone, estrela pop dos anos 1960, e José, pai de Jesus, por Marcello Mastroianni, um dos maiores atores do cinema mundial. O Menino Jesus vem na garupa de uma scooter, ícone da mobilidade e do design italiano. Juntam-se a eles pessoas comuns em seus ofícios, como o sapateiro, o produtor de vinho, o alfaiate, o pizzaiolo, o músico, o padeiro; e o arlequim – personagem tradicional da commedia dell'arte, originada na Itália no século XVI, que também se tornou uma figura marcante nas festividades de Carnaval.
“A Casa Fiat de Cultura nasce do encontro da italianidade com a mineiridade, duas culturas que têm nas artes um ponto comum que define suas identidades e ao mesmo tempo as aproxima. Com o Presépio Colaborativo, reafirmamos essa conexão, celebramos a coletividade, a sustentabilidade e estimulamos as aspirações sobre o futuro”, afirma o presidente da Casa Fiat de Cultura, Massimo Cavallo.
Alicerçada na sustentabilidade, a cena natalina foi inteiramente confeccionada pelo público, com materiais reciclados, durante as oficinas realizadas entre os meses de outubro e novembro, na Casa Fiat de Cultura. Por meio de técnicas artísticas como papier collé, papel machê, pintura, colagem, origami, bricolagem composição visual e costura, caixas de papelão, embalagens de papel, plástico, jornal, isopor, oriundos da coleta seletiva, se tornaram matéria-prima para a criação de cada detalhe da instalação. “O Presépio Colaborativo nasce do encontro entre o inesperado e o inusitado. Com a participação do público e com muito respeito à natureza, preparamos uma exposição linda, cheia de poesia. E, claro, incentivamos a reciclagem e recuperação resíduos”, reflete o curador.
O 10º Presépio Colaborativo da Casa Fiat de Cultura é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Fiat, copatrocínio da Stellantis Financiamento, do Banco Stellantis, do Banco Safra, da Usiminas e da Sada. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.
O artista Leo Piló
Mineiro de Belo Horizonte, Leo Piló é um artista inquieto, criativo, simples e dinâmico. Apresenta trabalhos inusitados, feitos de materiais não convencionais, treinando os olhares para novas possibilidades de construção e meios de sustentabilidade. Sempre compartilhando as técnicas desenvolvidas por meio do aprendizado, o artista procura criar um elo entre arte e natureza, promovendo metodologias de reutilização de resíduos urbanos e gerando novas possibilidades inseridas na realidade atual, em termos de cultura, arte, educação, recursos econômicos e outros benefícios.
Durante quase 15 anos, o artista trabalhou na associação Asmare e ministrou várias oficinas de cenografia, costura, novas possibilidades, papelaria e marcenaria. Um dos grandes destaques de sua carreira foi a exposição Lixoarte, que tinha como objetivo criar, com materiais recicláveis, móveis e objetos para mobiliar uma casa. Em 2014, Leo Piló criou instalações para a exposição “Recosturando Portinari na Casa Fiat de Cultura”, por Ronaldo Fraga, e, desde 2015, é o curador do Presépio da Casa Fiat de Cultura.
Imagem: Divulgação Casa Fiat de Cultura