A indústria nacional de pneus conseguiu superar a meta em mais de 100% na destinação ambientalmente correta de pneus inservíveis. Exemplo de logística reversa no Brasil, o setor tem um saldo acumulado de 128 mil toneladas de pneus inservíveis recolhidos para reciclagem. É o que apontam os últimos dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Para chegar a essa marca, o setor já investiu R$ 1,6 bilhão para coletar e destinar de forma ambientalmente adequada 4,7 milhões de toneladas de pneus inservíveis (de 2011 até 2022 – último dado disponibilizado pelo órgão ambiental).
O trabalho de coleta e destinação de pneus inservíveis é realizado desde 1999 por meio do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, implantado pela ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), que reúne 11 fabricantes instalados no país.
Em 2007 a indústria nacional decidiu criar a Reciclanip, entidade voltada exclusivamente à logística reversa desses materiais. “A iniciativa reforça a responsabilidade e o compromisso dos fabricantes que operam no país com as condições adequadas de gestão e destinação ambientalmente correta do resíduo pneumático”, diz Klaus Curt Müller, presidente da ANIP.
Esse trabalho realizado pela Reciclanip tornou o Brasil um exemplo para o mundo na logística reversa dos pneus. O resíduo é coletado e destinado para empresas homologadas pelos órgãos públicos competentes, que transformam os pneus inservíveis em outros materiais para o reaproveitamento.
O sucesso da operação já chamou a atenção internacionalmente. “Vários países já entraram em contato para saber como fazemos essa operação complexa em um país continental como o nosso. França e Alemanha quiseram conhecer mais o nosso sistema, pois temos uma performance muito boa, uma destinação qualificada e eficaz”, diz Curt Müller.
“Isso é um esforço que foi feito sempre com responsabilidade e preocupação com o meio ambiente. A indústria nacional pode afirmar que não deixou de assumir e cumprir sua meta nesse sentido. O trabalho de coleta e destinação de pneus inservíveis realizado pela entidade é comparável aos maiores programas de reciclagem desenvolvidos no país, em especial, ao de latas de alumínio e embalagens de defensivos agrícolas”, completa o executivo.
Esse alto volume de reaproveitamento dos pneus inservíveis está diretamente relacionado ao crescente interesse do mercado pelo produto. Ele pode ser reaproveitado, por exemplo, como combustível alternativo em fornos de cimenteiras ou até mesmo como asfalto-borracha. A reciclagem dos pneus ainda dá origem a novos produtos, como tapetes automotivos, pisos industriais e para quadras poliesportivas, percintas, dutos de águas pluviais, solas de calçados, entre outros.
“O pneu é um produto fabricado para garantir segurança ao consumidor. Consequentemente, é um material muito difícil de ser desfeito e que se mantém inalterado por muitos anos. Por isso é fundamental garantir os processos de coleta e destinação correta, não podemos nem imaginar pneus se degradando no meio ambiente. Nesse sentido, a Reciclanip é referência de atuação para que a logística reversa dos pneus seja realmente realizada”, diz Müller.
Embora os fabricantes que operam no país e a Reciclanip cumpram o seu papel, nem todos os pneus inservíveis são reciclados no Brasil. Os importadores de pneus estão deficitários na questão ambiental. Segundo dados do Ibama, há um passivo ambiental de cerca de 419 mil toneladas de pneus importados que não são recolhidos e destinados de forma correta no Brasil. “Este dado é preocupante para o país. Enquanto a indústria nacional está comprometida com destinação correta do resíduo que gera, vemos empresas caminhando em outra direção”, finaliza Curt Müller.
Imagem: Divulgação Anip/Reprodução