A indústria brasileira trabalha pelo protagonismo do país em algumas áreas da transição para a economia de baixo carbono, entre elas a de combustíveis sustentáveis. O SAF, combustível específico para a aviação, por exemplo, tem sido tratado como uma questão estratégica. Isso porque a partir de janeiro de 2027 os aviões não poderão decolar entre vários destinos internacionais se não compensarem suas emissões de gases do efeito estufa (GEE). Há basicamente duas maneiras de fazer isso: comprar créditos de carbono ou abastecer com uma mistura mínima de SAF.
Os dois caminhos são endossados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Este ano, a CNI dobrou esforços para ver aprovado o mercado regulado de carbono e impulsionou o apoio ao desenvolvimento de combustíveis sustentáveis. O presidente da confederação, Ricardo Alban, destaca que o Brasil já desenvolve o SAF entre suas iniciativas inovadoras rumo à economia verde.
"O Brasil, junto com a Índia, tem uma grande oportunidade de produção dos combustíveis SAFs para que a gente possa abastecer essa demanda", ressalta.
Segundo o presidente da Be8, Erasmo Battistella, deverão ser investidos mais de 5 trilhões de dólares na cadeia de SAF até 2050. "Isso vai gerar uma onda de novos investimentos e, como nós precisamos produzir a matéria-prima e ela se renova todo ano, devemos ter mais geração de emprego e renda na cadeia de produção de matéria-prima", disse ao Indústria Verde, em Dubai, onde participa da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP28),
"Por isso que o SAF não é só sustentável sob o ponto de vista ambiental, que ele reduz as emissões, ele é sustentável também sob o ponto de vista econômico e social", completa.
Mas afinal, o que é SAF?
Battistella explica que o SAF, como é conhecido no mundo afora, é um biocombustível, que pode ser misturado com o combustível convencional, oriundo do petróleo. "Nós podemos utilizar em qualquer percentual no combustível fóssil. Ele pode ser produzido a partir de várias matérias-primas, como óleos vegetais, gorduras animais, óleos residuais, etanol, biomassa."
No Brasil, há normas estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e regras internacionais, como as da American Society for Testing and Materials (ASTM), que estipulam que é permitido combinar combustíveis renováveis com querosene de aviação de origem fóssil em até 50% da mistura.
Segundo projeção da Organização Internacional da Aviação Civil (Icao), o setor de aviação responde por 2,5% das emissões globais de GEE.
Desafios
Além da meta de 2027 para o setor neutralizar as emissões de carbono, as 290 companhias dos 120 países que integram a Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) têm ainda outros dois desafios:
reduzir gradualmente a emissão líquida de dióxido de carbono (CO2) da aviação comercial até 2050, quando os voos deverão ser neutros em carbono;
e, antes mesmo de 2050, atender a uma resolução da Icao, uma das agências das Nações Unidas, que estabelece que as emissões GEE do setor se estabilizem nos patamares observados em 2019.
- Projeto Indústria Verde
- O Indústria Verde é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para apresentar as contribuições da indústria brasileira à agenda ambiental. A indústria é parte da solução no desenvolvimento sustentável. O setor produtivo é um dos pioneiros a assumir a responsabilidade de estimular a implementação dos compromissos climáticos no país.
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