A nova política de Imposto de Importação para veículos leves híbridos e elétricos, anunciada nesta sexta-feira (10/11) pelo Gecex/Camex, frustrou todos aqueles que, como a ABVE, apostam no transporte limpo, renovável e sustentável no Brasil.
Trata-se de uma medida que, no curto prazo, beneficia principalmente os veículos movidos a combustível fóssil e, no médio prazo, projeta uma sombra de insegurança sobre as empresas dispostas a investir na fabricação de veículos elétricos e híbridos no Brasil – e mesmo sobre aquelas que já anunciaram planos concretos de produção local.
“As medidas anunciadas hoje são muito ruins para a eletromobilidade” – disse o presidente da ABVE, Ricardo Bastos. “Elas atendem principalmente ao lobby das associações que defendem os combustíveis fósseis, e não aos interesses dos consumidores e da sociedade brasileira, que apoiam um transporte moderno e não poluente”.
Para a ABVE, a decisão do Governo Federal é também intempestiva. Ela foi anunciada antes de o próprio governo ter definido qual será a futura política automotiva brasileira, já que a Medida Provisória sobre o novo programa Mobilidade Verde e Inovação-Mover (que substituirá o Rota 2030) ainda nem foi enviada ao Congresso Nacional.
“O governo decidiu fechar o mercado às tecnologias de baixa emissão antes de as empresas saberem qual será a regra do jogo do futuro regime automotivo” – criticou Ricardo Bastos.
“O resultado será muito ruim para os investidores e para o mercado. Vai encarecer o preço dos veículos elétricos e híbridos no Brasil e afetará as decisões de investimento das empresas que apostavam em regras estáveis para produzir veículos elétricos em território nacional”.
A ABVE criticou também as cotas de importação de veículos elétricos e híbridos anunciadas pelo governo, considerando-as “insignificantes”, diante dos planos de investimentos em eletromobilidade no Brasil já divulgados por diferentes empresas.
“Elas penalizam as tecnologias de baixa emissão e vão na contramão da tendência global de eletrificação da indústria automotiva”.
A ABVE reafirma que as vendas de veículos elétricos e híbridos leves no Brasil baterão um novo recorde em 2023, com cerca de 80 mil emplacamentos, mas não pode mais garantir que, com as novas medidas, manterão o mesmo ritmo de crescimento, a partir de 2024.
A ABVE esclarece que não é contra uma política de importação que induza a produção local de veículos elétricos.
Mas registra que a proposta anunciada nesta sexta-feira, com prazos curtos para aumento das alíquotas e cotas limitadas, tende a produzir um efeito contrário ao pretendido, ao desestimular as empresas mais comprometidas com a produção local de veículos de baixa emissão, em prejuízo da geração de empregos e da necessária renovação tecnológica da indústria automotiva brasileira.
Foto: Reprodução