“Cheguei aqui na primeira muda, quando ainda estávamos estudando a região e entendendo quais espécies deveríamos trazer de volta. Foi um desafio e tanto. Hoje é uma felicidade comemorar esse marco”. É com orgulho que a analista de meio ambiente e responsável pelo projeto Danubia Lima relembra o início das atividades do Programa de Biodiversidade no Polo Automotivo Stellantis de Goiana, em Pernambuco. Ela resume: “O Polo Automotivo Stellantis é também uma fábrica de mudas”.
Dentro de um dos mais modernos e inovadores polos automotivos do mundo, foi construído um viveiro ocupando um hectare, no qual são produzidas mudas de 295 espécies da flora, incluindo 27 ameaçadas de extinção, como pau-brasil, visgueiro, pau de jangada e pau-ferro. O projeto acaba de alcançar a marca de 150 mil mudas plantadas e tem como meta continuar se expandindo, até que as árvores cubram uma área de 304 hectares de área verde e corredores ecológicos.
O Programa de Biodiversidade é uma ação proativa e voluntária. A Stellantis assumiu o compromisso de impulsionar na região ações relevantes para a conservação da Mata Atlântica, ao selecionar, cultivar e doar mudas. Ao mesmo tempo, a empresa promove a educação ambiental e coloca sua inteligência e ativos para gerar valor para a comunidade na qual está inserida.
“Já recebemos mais de dois mil alunos da rede municipal no nosso viveiro, é uma oportunidade de disseminar a relevância e necessidade do engajamento de todos na conservação do bioma”, diz Danubia. O programa estimula também os professores das escolas participantes a repercutir este conhecimento dentro da sala de aula, estimulando os alunos a desenvolverem projetos de sustentabilidade de acordo com sua realidade e cotidiano, como hortas comunitárias, destinação correta de resíduos, plantio de mudas, entre outros.
O início
O Programa de Biodiversidade começou em 2014, um ano antes do início das operações do Polo Automotivo. O maior obstáculo para a implantação do projeto era a falta de referência sobre a mata nativa que dominava a Zona da Mata Norte Pernambucana até o avanço da cultura de cana-de-açúcar há séculos. Para catalogar as espécies nativas da região, foi realizado amplo estudo em parceria com as universidades Federal e Federal Rural de Pernambuco, através de um levantamento bibliográfico nos municípios de Goiana, Igarassu, Abreu e Lima, Itamaracá e Paulista, compreendendo a Zona da Mata Norte e um intenso trabalho de campo focado em Goiana.
Das 618 espécies inventariadas, foram identificadas árvores como pau de jangada, o pau-ferro, o pau-brasil e o visgueiro. Foi organizado um minucioso trabalho de obtenção das sementes, a partir da colheita direta de frutos ou sementes por mateiros da região. Esta é uma etapa fundamental na propagação de espécies florestais nativas.
A produção de mudas no viveiro ocorre através de dois métodos: propagação e semeadura. A propagação das espécies nativas é feita pela reprodução sexuada, através das sementes nos canteiros e tubetes, ou pela reprodução assexuada, através da multiplicação da planta-mãe por estacas de ramos jovens ou divisão de touceiras. Na semeadura, as sementes das espécies nativas são colocadas em canteiros ou tubetes, onde permanecem até sua germinação. O tempo de germinação varia de espécie para espécie e pode levar de três dias até três meses. O viveiro é o maior do Nordeste especializado nas espécies da Mata Atlântica e tem capacidade de produzir até 88 mil mudas por ano.
Os estudos também buscaram identificar as espécies da fauna local. Foram inventariadas 446 espécies, sendo 36 de peixes, 67 de répteis e anfíbios, 290 de aves e 53 de mamíferos. Desse total, a equipe identificou 35 espécies ameaçadas de extinção, como os pássaros pica-pau-anão-dourado e o bico-virado-liso, o peixe-boi-marinho e o tamanduá-mirim.
Os locais para o plantio são escolhidos com cuidado para a formação de corredores ecológicos capazes de conectar fragmentos florestais e atrair a fauna local. Muitos animais selvagens, como a jaguatirica e o tamanduá, já foram observados na área do Polo, transitando no habitat que se recupera.
Foto: Divulgação Stellantis