O setor de logística, como tantos outros, passou por diversas mudanças devido a acontecimentos geopolíticos recentes e as interrupções na cadeia de abastecimento devido à pandemia, mas ao mesmo tempo grandes oportunidades surgiram, reinvenção para fortalecer e continuar desenvolvendo novos caminhos nesta indústria tão importante. Os exemplos mais claros dessa renovação são o nearshoring, o reshoring e o friend-shoring.
O integrador logístico A.P. Moller - Maersk detalha que esses termos são estratégias para favorecer não apenas o horário em que os produtos chegam ao seu destino, mas também trazem grandes vantagens como fusos horários próximos, proximidade geográfica, mão de obra sólida, sustentabilidade e crescimento nas empresas como na economia de um país.
O Fórum Econômico Mundial descreve Nearshore como um processo de realocação da operação de uma empresa para um país próximo com fronteira mais próxima ou compartilhada do seu mercado final. A Supply Chain Brain explica que o “nearshore” garante formas de chegar mais rápido ao seu mercado, para isto aproximando geograficamente os fabricantes dos clientes.
Também é chamado de “regionalização”, e o relatório global “Trade in Transition” (Comércio em Transição) de 2023 afirma que o “nearshore” aumentou 8% em comparação com o mesmo relatório em 2021. A realocação das empresas não apenas exerce um efeito positivo no prazo, mas também benefícios financeiros ao evitar o pagamento pela importação de bens ou custos de frete.
Segundo projeção apresentada pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) (2022), o Brasil pode ter um ganho adicional de US$ 7,8 bilhões ao ano nas exportações com a reconfiguração do comércio internacional. O crescimento nas exportações seria resultado do “nearshoring” – ter a cadeia de fornecedores mais próxima do comprador.
Reshore
O "reshore", também chamado de "inshore" ou "onshore", se dá quando a empresa transfere suas operações para o país de origem — abrangendo em sua produção desde a matéria-prima até o produto final na mesma região onde estão o mercado e as demandas. O relatório global "Trade Transition" de 2023 aponta que o "reshore" cresceu 10% desde 2021.
O reshoring da cadeia produtiva certamente provoca um impacto positivo aos países que “repatriam” suas indústrias. Começando pela retomada do contato da organização com sua cultura de origem, o movimento também possibilita o crescimento do PIB nacional.
Os benefícios do "nearshore" na América Latina inlcuem pouca diferença de fusos horários, proximidade geográfica, oferta de mão de obra robusta e crescente e sustentabilidade.
Friend-shore
Criar novas rotas da cadeia de suprimento para países que são percebidos de forma política e econômica como de baixo risco é chamado de "friend-shore". A ideia do redirecionamento (re-routing) é evitar qualquer interrupção na cadeia de suprimento ou no fluxo de negócios. Esse termo ganhou vida com as situações geopolíticas em 2022, e agora diferentes fábricas estão buscando os países mais confiáveis em seus suprimentos, pois têm menos tensões geopolíticas, e países que têm normas e valores semelhantes aos seus parceiros ou fabricantes.
Todas essas mudanças podem criar novos centros de fabricação próximos e dedicados aos seus mercados finais para atender mais de perto às suas demandas. Isso também ajuda nos objetivos ambientais e reduz suas emissões de gases de efeito estufa e o uso de energia, permitindo que os fabricantes tenham acesso a materiais mais sustentáveis e melhorem seus rastros de carbono para clientes mais exigentes que agora levam em consideração a sustentabilidade dos produtos que compram.
Atualizações marítimas
Status dos principais portos
Os portos estratégicos em toda a nossa rede global melhoraram significativamente o tempo de espera, como consequência da melhoria das condições meteorológicas e redução do congestionamento de cargas.
No norte da Europa a situação nos portos melhorou sem tempo de espera, ainda enfrentando interrupções por condições meteorológicas, porém com menos impacto.
Na Ásia a situação está estável e o tempo de espera melhorou, especialmente em Ningbo e Qingdao; Busan foi impactado devido a problemas meteorológicos. Tauranga está severamente congestionada. O tempo de espera pode chegar a até sete (7) dias para navios fora da janela e três (3) dias para navios atracando com fatura pro forma.
Na América Latina a situação relacionada à interrupção por condições climáticas melhorou nas últimas semanas no Golfo do México e, conforme previsto para o restante de fevereiro, Veracruz está sendo impactado com 2 a 3 dias de tempo de espera; a situação climática em Buenos Aires melhorou sem impacto no alinhamento.
Na América do Norte, no geral, a situação apresentou uma melhora significativa; o tempo de espera nas Costas Leste e Oeste tiveram reduções; a situação de mão de obra de Norfolk e Savannah está melhorando, permitindo um melhor desempenho geral nos portos. O tempo de espera de Houston foi reduzido significativamente para um (1) dia para navios de bandeira dos EUA e 2 a 3 dias o restante dos navios; a situação de mão de obra, a produtividade e a utilização do pátio melhoraram. O tempo de espera Freeport e Mobile aumentou para 1 a 3 dias, devido ao elevado número de navios que chegam com atraso intenso. Nos portos canadenses, Vancouver está sofrendo um impacto devido ao inverno intenso e atrasos decorrentes de datas comemorativas, com um tempo de espera de 10 dias.
Fotos: Divulgação Maersk