As vendas de motos estão em alta. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o mês de novembro fechou com aumento de 15,7% em relação ao mesmo mês do ano passado, atingindo 123,2 mil unidades vendidas. Já ao considerar os onze primeiros meses do ano, foram 1,8 milhão de motos emplacadas no Brasil, correspondendo a uma alta de 17,7% frente ao mesmo período de 2021. Os dados positivos do setor são justificados pela disparada no preço dos combustíveis e a busca por um modal que permita deslocamentos mais baratos.
“A principal explicação para essa adesão é a economia gerada pela compra desse tipo de veículo, na comparação com um carro. Hoje, o preço médio de uma motocicleta está em torno de 17 mil reais, enquanto um carro popular já passa dos 60 mil", avalia o diretor de operações da concessionária Blokton, Rudney Doscher. Segundo ele, o cenário criado pela pandemia causou uma ruptura, impulsionando o mercado motociclístico a ser um dos mais crescentes e promissores para os próximos anos. "Ocorreu uma mudança no mindset da população, que percebeu a importância de concentrar-se na economia e utilidade. Essa virada de chave ajudou a trazer mais volume para o segmento", analisa Rudney.
Além disso, a alta desenfreada da gasolina nos últimos meses foi decisiva para que muitos motoristas trocassem o carro pela motocicleta. Em junho, os preços do litro do diesel e da gasolina alcançaram os maiores valores nominais pagos pelos consumidores para os combustíveis desde que a ANP passou a fazer o levantamento semanal de preços, em 2004. O preço médio do diesel nos postos brasileiros, por exemplo, subiu cerca de 10% em junho na comparação com maio, após um reajuste da Petrobras, e ficou mais caro que a gasolina pela primeira vez em mais de uma década.
“Com o combustível mais caro, temos observado muitas pessoas migrando do carro para o segmento de duas rodas”, declara o head comercial da Dealersites, Marcos Pavesi. De acordo com o especialista da startup que lidera a digitalização do mercado automotivo, a ascensão das motocicletas empurra o setor para investir em tecnologia e inovação para acompanhar as necessidades do consumidor. "Soluções que facilitam a venda desse tipo de veículo tem tudo a ver com aproveitar o bom momento do setor motociclístico e garantir qualidade no serviço", destaca.
Delivery sobre duas rodas
O preço dos combustíveis, o desemprego e o aumento na demanda pelos serviços de delivery durante a pandemia levaram mais motociclistas para as ruas. Hoje, as motos ultrapassam 30 milhões de unidades e já são mais de 35,2 milhões de pessoas aptas a pilotar esse tipo de veículo, de acordo com dados da Abraciclo. E o interesse crescente pelas motos vem acompanhado da necessidade de agilidade e confiança no processo de compra.
"As motos se apresentam também como opção de ganho de renda. E a economia puxa essa demanda, já que muitos brasileiros optam por um meio de transporte rápido e barato para trabalhar no segmento de delivery ou moto-táxi", afirma Rudney, que atua na maior concessionária de motos Honda do Paraná. Além dos valores das parcelas e das taxas de financiamento serem inferiores aos do automóvel, outro fator que influencia na tomada de decisão é o gasto com combustível. "Uma motocicleta de baixa cilindrada faz a média de 40 km por litro, enquanto o automóvel costuma fazer 10 km por litro", explica.
"O serviço de delivery que era uma tendência, transformou-se em necessidade e impulsiona diferentes segmentos a se atualizar para acompanhar essa realidade", comenta Marcos Pavesi. Segundo o head comercial da Dealersites, o mercado automotivo mudou e o digital é o primeiro canal escolhido pelo consumidor que quer comprar uma motocicleta. "Por isso, padronizar e otimizar o processo da jornada do cliente são recursos importantes para evitar erros, economizar tempo e facilitar a tomada de decisão", finaliza.
Foto: Venda de motos teve aumento de 15% em novembro; preço dos combustíveis, desemprego e maior demanda de serviços delivery na pandemia foram fatores de influência - Envato