O processo de obtenção do HVO ou “diesel verde” ou ainda “green diesel” é sem dúvida um processo promissor na obtenção de um combustível alternativo menos poluente.
O HVO (Hydrotreated Vegetable Oil), é obtido a partir da hidrogenação de óleos (como soja, mamona, girassol etc) ou gordura animal (esses insumos podem ser usados separadamente ou misturados). Este produto é um combustível livre de enxofre e aromáticos e tem um valor elevado de índice de cetano. Tem uma estabilidade de armazenamento excelente e é totalmente compatível com o combustível derivado de petróleo para motores diesel.
Pode ser produzido a partir de infraestruturas já existentes das refinarias de petróleo. Requer alta pressão e temperatura, uso ou não de catalisador e o conhecido HIDROGÊNIO.
Comparando os biocombustíveis, biodiesel e HVO (pois ambos usam óleos vegetais na produção), podemos afirmar que o HVO apresenta diversas vantagens (segundo Rogelio Sotelo- Boyás, 2010). Em termos de características:
- O produto é compatível com os motores existentes;
- Flexibilidade de matéria-prima, por exemplo, o teor de ácidos graxos livres no óleo vegetal não é importante;
- Maior número de cetano;
- Maior estabilidade a oxidação;
- Não aumenta as emissões de NOx;
- Não requer água;
- Não origina subprodutos que requerem um tratamento adicional (por exemplo, glicerol);
- A distribuição do combustível renovável não causa poluição adicional, uma vez que pode ser transportado através das mesmas condutas que são atualmente utilizadas para a distribuição de combustíveis de origem fóssil;
- Melhor desempenho em climas
Segundo, sob o ponto de vista socioambiental, o HVO pode gerar benefícios expressivos para a qualidade do ar e a saúde humana. Estima-se que, em relação ao diesel fóssil, o uso de HVO puro reduz (fonte:CNT/SEST/SENAT):
- De 50% a 90% da emissão de gases de efeito estufa (GEE), considerando todo o ciclo de vida dos combustíveis;
- 33% da emissão de material particulado fino (MP2,5);
- 30% da emissão de hidrocarbonetos (HC);
- 24% da emissão de monóxido de carbono (CO); e
- 9% da emissão de óxidos de nitrogênio (NOx), poluentes cujos níveis de emissão são aumentados pelo
Motores movidos a biocombustíveis e que atendem às normas do Proconve 3 e rodam com o diesel B10 não necessitam de mudanças para utilizar HVO. Todavia, é importante ressaltar que se faz necessário um aditivo de lubrificação junto ao HVO, pois há falta de “lubricidade”. Entretanto, a adição do próprio biodiesel pode resolver essa questão.
Há os que defendem o uso do HVO somente para transporte de longas distâncias, outros afirmam que o uso urbano do combustível é totalmente viável.
O Brasil ainda precisa discutir a aplicação do HVO, as conversas com os órgãos regulamentadores vêm acontecendo e as movimentações estão sendo feitas para a viabilização e uso do “diesel verde” em terras brasileiras. Atualmente essa alternativa já é disponibilizada na Europa, na Ásia e na América do Norte. A planta de HVO que vem sendo construída no Paraguai promete um horizonte para esse combustível na América do Sul.
Além das políticas públicas o outro grande desafio é baixar o custo de fabricação desse produto. Estamos de olho no futuro!
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