Aos poucos, elas começam a aparecer mais nas rodovias. Como motoristas de ônibus ou donas de empresa de fretamento, elas têm papel importante na maior plataforma de intermediação de viagens de ônibus do país, a Buser. As dezenas de motoristas que hoje rodam pelo aplicativo são profissionais experientes, com anos de estrada, e aparecem em rotas diversas, do Sul ao Nordeste.
A carioca Andrea Rodrigues de Souza, 50 anos, dirige vans e micro-ônibus há 29 anos. Já ônibus grande, ela dirige desde 2006. Funcionária da empresa de fretamento Pedra Azul, parceira da Buser desde 2019, Andrea é uma das responsáveis pela linha Vitória (ES) x Belo Horizonte (MG). Faz esse trajeto três vezes por semana. Antes disso, fazia a linha Vitória x Rio de Janeiro, pela empresa Porto Velho. Por se tratar de um trajeto longo, de mais de 500km, ela conta com a presença de um segundo motorista, para revezar a partir da metade da viagem. Na Buser, aliás, essa política de segundo motorista é bem rígida, pois exige um condutor reserva nos casos de viagens com percursos superiores a 437km ou com mais de 7 horas de duração – 1 hora a menos do que a lei obriga.
Geralmente quem vai como motorista-reserva de Andrea é o marido, Anieliton Breno Sayster Moreira Martins, funcionário da mesma empresa. Eles se conheceram na profissão, quando Andrea ainda morava no Rio de Janeiro, e trabalhava na empresa Turispall, fazendo a linha Rio x BH. Os dois se viram pela primeira vez na garagem em BH, aí começaram a namorar. Sobre o gosto pela profissão, ela afirma que não se vê trabalhando em outra coisa. “Meu pai era motorista, ele que me ensinou a dirigir. Logo tomei gosto pelo volante, trabalho desde os 21 anos com isso. Amo dirigir, não me imagino em outra profissão”, afirma a carioca.
Uma das coisas que Andrea mais elogia nas viagens intermediadas pela Buser é a parte dos equipamentos de segurança. Desde que iniciou as operações em 2017, a Buser vem implantando o sistema de telemetria, que permite o controle da velocidade dos ônibus em tempo real, não deixando os coletivos ultrapassarem o limite de 90km/h. Quando isso acontece, o sistema emite um alerta sonoro na central da startup, que faz o monitoramento 24 horas por dia. Mesmo que o excesso de velocidade não seja flagrado por um radar eletrônico na rodovia, a empresa fretadora proprietária do ônibus é multada pela Buser. “Posso dizer com orgulho que nunca fui multada por ter ultrapassado o limite da velocidade da plataforma, nem da estrada”, afirma Andrea.
Outro recurso para garantir mais segurança nas viagens que vem sendo instalado nos ônibus da empresa são as câmeras de fadiga, que fazem um reconhecimento facial de piscada do condutor nos cinco primeiros minutos de monitoramento. Se percebe uma movimentação diferente, como uma piscada mais demorada, em caso de sinais de sonolência e cansaço do motorista, o equipamento emite avisos para a central de monitoramento da Buser.
Do transporte escolar para as estradas
Outra motorista com presença marcante na Buser é a Wanilda Cristina Moraes Brandão, a Nina, da Vivitur Turismo. Com habilitação desde os 18 anos, começou a dirigir ônibus aos 21, entrando para o negócio da família, que operava com transporte escolar na época. Mineira de Belo Horizonte, ela passou anos fazendo trajetos com crianças até que teve uma gravidez de risco, precisando se afastar. No ano seguinte, Wanilda se juntou ao marido, que tinha uma empresa de turismo junto com o pai. Depois que a filha nasceu, ela decidiu se desfazer do negócio voltado ao transporte escolar e, juntos, eles compraram um novo ônibus para ela cuidar. Hoje, a motorista faz o trajeto BH - Brasília, também se revezando com o esposo como condutor reserva.
Durante a semana, Wanilda passa mais tempo no escritório, cuidando do administrativo da empresa. Aos finais de semana, volta sempre para a estrada. “Se me perguntarem se quero parar, vou dizer com certeza que não. Adoro dirigir, me encontro no volante, me passa calma”, afirma Nina.
Foto: Motorista Andrea Rodrigues - Divulgação