A água, a irradiação solar e o hidrogênio são três elementos em abundância no planeta. Combinados, eles são a melhor solução tanto do ponto de vista ambiental quanto do aspecto econômico para fornecer energia limpa para o mundo. Para o engenheiro Demóstenes Barbosa da Silva, presidente da BASE Energia Sustentável, o desenvolvimento de projetos com esse arranjo tem obtido resultados promissores, que reforçam sua contribuição para a transição energética, a economia de baixo carbono e a conservação ambiental.
“As energias renováveis estão associadas às questões de sazonalidade e intermitência. A irradiação solar é captada durante o dia, por exemplo. Daí entra o hidrogênio, como elemento de ligação entre as fontes solar e hidroelétrica, uma vez que pode ser armazenado e usado para a geração de energia durante à noite ou em períodos de seca”, explicou Silva, durante o BW Talks Sol, Água e Hidrogênio: que Combinação é Essa?, promovido pelo Movimento BW, iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), no dia 26 de agosto.
De acordo com o especialista, essa situação de intermitência e sazonalidade das energias renováveis podem ser usadas de forma estratégia para ampliar a capacidade de atendimento do sistema energético brasileiro. “Quando houver abundância de uma fonte, podemos converter mais energia em hidrogênio e, posteriormente, reconvertendo-o em energia quando há menos disponibilidade”, elucidou. A seu ver, a combinação entre as fontes solar e hidroelétrica poderia se tornar uma política forte de Estado pelos benefícios sociais, ambientais e econômicos proporcionados ao país.
Para exemplificar esses benefícios, o presidente da BASE Energia Sustentável trouxe no BW Talks um estudo, a partir dos projetos realizados em parceria com duas grandes companhias de energia, a CESP e Furnas, que mostrou a possibilidade de dobrar a capacidade de geração de energia do Brasil, por meio da instalação de plantas fotovoltaicas flutuantes em cerca de 10% da área dos reservatórios das usinas hidroelétricas espalhados em todo o território nacional.
Nesse caso, segundo Silva, o hidrogênio não faria apenas a conexão entre as fontes de energia renovável, mas também seria o catalisador para a produção de outros produtos, como a amônia para posterior produção de ureia. Com isso, a indústria de fertilizantes poderia ser beneficiada com uma fabricação local, já que esse elemento é 100% importado.
Ele comentou ainda sobre o potencial da sinergia entre os setores elétrico e de gás natural, por meio do uso do hidrogênio. “Podemos injetar o hidrogênio puro nos gasodutos”, pontuou Silva, que ressaltou que, em reuniões realizadas com instituições governamentais, chegou-se à conclusão que essa aplicação poderia ser feita em 2% do volume da rede de gasodutos. “É muita energia”, enfatizou.
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